terça-feira, 11 de agosto de 2009

ESTUDO DE CASO: DIÁLOGO NA LIVRARIA

Moisés, Massahiro e Lívio são amigos desde que se conheceram na Faculdade. Moisés está há pouco tempo trabalhando como estagiário em uma corporação multinacional. Um dia destes, Moisés encontrou em uma livraria seus amigos Massahiro, que é professor de um colégio particular, e Lívio, que também é estagiário em outra grande empresa.
Massahiro: E então, Moisés, que nos conta de seu novo emprego?
Moisés: Ah, Massahiro, é uma empresa grande, com atuação no mundo todo, cheia de recursos e benefícios. Como desafio, estou gostando muito. Só que há alguns problemas, que estou precisando discutir com alguém. E vai ser com vocês. Imaginem, meus amigos, que nessa empresa há gerentes que acreditam que os funcionários devem trabalhar até tarde, sem horário para sair, em nome da lealdade à empresa.
Massahiro: Ah, essa história é conhecida. Pelo que sei, muita gente pensa e age assim. A propósito, há pouco tempo uma revista de negócios publicou um artigo sobre o sucesso dos executivos. A recomendação principal era a seguinte: se você quiser fazer carreira, tem que se dedicar totalmente. Você não tem o projeto de se tornar um alto executivo, Moisés? Então...
Lívio: Na minha empresa, todo mundo leu esse artigo. Meu chefe, o presidente, pensa desse jeito. Ele acha que o funcionário só pode sair depois do chefe. Não pergunte o que a empresa pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por ela.
Massahiro: Tenha dó, Lívio. Não me diga que você leva isso a sério. Eu achei esse artigo uma obra-prima do mau-gosto. Um canto de louvor ao sacrifício pessoal em nome da competitividade de uma empresa que, quando não precisar mais de você, te dá um pé no traseiro. Oh, quanta nobreza.
Lívio: Escute, Massa, se há trabalho para fazer, as pessoas precisam ficar até quando for necessário. Depois, os mais dedicados são recompensados. Sempre foi assim. Pergunte a quem é diretor ou presidente. Só faz carreira quem vive para a empresa.
Moisés: Sim, é verdade, mas fica todo mundo neurótico. Na empresa em que estou agora, ninguém mais tem direito à vida pessoal. Ninguém mais pode pegar filho na escola ou ir ao cinema. Até nos fins de semana tem trabalho para fazer. E o diretor de recursos humanos tem a coragem de dizer que “precisamos de gente que ame a empresa”. Ora, com licença.
Lívio: Moisés, e o que há de errado nisso? De fato, quem trabalha mais é mais eficiente e mais competitivo. Veja os japoneses, que se matam por suas empresas. Além disso, a convivência entre pessoas que enfrentam os mesmos problemas reforça o espírito de equipe. Veja os japoneses novamente. Eu acho que, se você quiser subir na empresa, e eu quero, tem que deixar outras coisas em segundo plano.
Massahiro: Eficiente, espírito de grupo? Eu não acredito! Tenha a santa paciência, Lívio-san! Eficiente é quem trabalha menos, como já dizia Taylor há quase 100 anos. Como? Você não sabe quem foi Taylor? Em que escola você estuda? Eficiente é quem trabalha menos e não mais, é claro. Esse argumento seu é de gente ineficiente, que não consegue fazer o trabalho direito durante o horário normal do expediente. Essa gente é ineficiente, isso sim, e fica vendendo essa lorota da dedicação. Depois, faça isso com as pessoas para ver o que acontece. Elas ficam frustradas, doentes e acabam se tornando ineficientes. Isso se não se matarem, literalmente. Ou se não matarem os chefes e colegas antes, como acontece de vez em quando no chamado primeiro mundo. Ha, ha, ha...
Lívio: Calma, Massa, não se exalte. Nem faça ironia do Moisés aqui. Se seguirmos suas idéias, todo mundo debanda e a empresa fica às moscas. Aliás, meu amigo, interessante sua posição, não é mesmo? Você que é professor, certamente sabe que há professores que ficam pulando de uma escola para outra, de manhã até a noite. E no fim de semana, corrigindo provas. Também sem tempo para mulher, filhos e diversão. Não é seu caso? Como se explica isso?
Massahiro: Isso é diferente, pessoal. O professor ganha de acordo com o quanto trabalha. Na empresa, você ganha a mesma coisa, trabalhando mais ou menos.
Moisés: Sim, Massa, mas há a perspectiva da promoção para os mais dedicados. Mas, de qualquer forma, acho que há algo de errado nisso. Parece que não há mesmo muito trabalho para fazer, ainda mais agora. As pessoas ficam até tarde só para mostrar que vestem a camisa e ganhar pontos com seus chefes.

Questões
1. Que problemas de administração de pessoas estão ilustrados neste caso?
2. Quais teorias explicam as motivações e frustrações dos três personagens?
3. Faça uma síntese dos argumentos de cada um dos personagens e indique quem está concordando com quem.
4. Indique com qual personagem você mais se identifica.
5. Qual é seu ponto de vista a esse respeito? Como você defenderia seus argumentos? Faça uma síntese das respostas de seus colegas de grupo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário